segunda-feira, 3 de junho de 2013

Barlavento: Área do projecto de reflorestação nacional

 (PUBLICADO NO CORREIO DA MANHÃ DE 8 DE OUTUBRO DE 1985)

O Barlavento algarvio faz parte da «área de intervenção, a médio prazo, do projecto de reflorestação nacional, financiado pelo Banco Mundial».

O projecto, acordado há cerca de dois anos entre o Governo português e o Banco Mundial, estipula a arborização com espécies produtoras de madeira de cento e cinquenta mil hectares em todo o País, dos quais noventa mil a cargo do Estado e os restantes da Portucel.

Uma fonte da Direcção-Geral de Florestas disse que o objectivo de tal projecto é, simplesmente, «atingir esses cento e cinquenta mil hectares no mais curto espaço de tempo, não determinando normas rígidas a seguir na florestação».

O pinheiro manso, o bravo e o eucalipto são as espécies escolhidas pelos serviços florestais para o plantio nas áreas a florestar no Algarve, cujo valor é, no entanto, desconhecido na região.

Segundo a mesma fonte, aqueles serviços têm procurado diversificar a implantação no terreno das espécies escolhidas, evitando criar na sua área de intervenção manchas de concentração de uma só espécie.

A mesma fonte reconheceu, todavia, que o poder de intervenção dos serviços florestais no processo de reflorestação «é muito reduzido».

Estes serviços apenas intervêm quando são solicitados para tal por um proprietário que lhe pede , por exemplo, que elaborem um plano de reflorestação do terreno.

Por outro lado, os serviços florestais não exercem também qualquer controlo sobre as extensas áreas florestadas pelas três empresas de celulose, detentoras de grandes interesses no Algarve.

Estas empresas, classificadas como «grandes plantadoras de eucalipto na região algarvia, exploram grande parte das zonas de floresta da serra da região.

O mesmo técnico da Direcção-Geral de Florestas referiu que o plano da reflorestação do Nordeste algarvio, que não se integra, no referido «projecto de reflorestação nacional», obedece a princípios totalmente diferentes.

A reflorestação naquela zona insere-se num plano de desenvolvimento integrado abarcando os concelhos de Alcoutim e Castro Marim, que tem por objectivo, «aproveitar ao máximo os usos múltiplos da floresta integrando-os com o fomento da caça e da pastorícia.» promovendo-se assim a fixação humana.

No Nordeste algarvio, conforme salientou o mesmo técnico, não se vão plantar eucaliptos nem pinheiros, mas sim espécies autóctones e adaptadas ao seu clima e solo, tais como medronheiros, alfarrobeiras, amendoeiras, sobreiros e azinheiras.

Pequena nota

As fotografias que apresentamos são recentes e de nossa autoria. A primeira apresenta uns raquíticos pinheiros e limpos, não sabendo quando o trabalho foi feito. A 2ª, ainda ninguém lhe tirou uma pernada! Estão ao lado um do outro!

Depois de recordar a leitura deste texto, passados 27 anos, a florestação efectuada no concelho, pelo que conheço das visitas feitas em todas as freguesias, é quase totalmente de pinheiros, o que sempre nos admirou pois não era árvore existente no concelho em número significativo. Os poucos exemplos que conhecemos demonstram apesar dos anos decorridos um porte modesto.
O que é que mudou? Foi o sentido técnico ou a política?

A azinheira foi sempre a árvore desta região!

JV