sexta-feira, 15 de março de 2013

A curvilínea recta vital


 

Escreve

Maria Dias



Acredito que a recta curvilinear da vida, que nos acompanha da concepção até à morte, traz previamente desenhadas muitas e acentuadas curvas e contracurvas, subidas e descidas, escadarias mais ou menos íngremes.
Nascemos (dizem) tábua rasa, apenas com as ferramentas para nos adaptarmos ao mundo cá de fora.

Na primeira década de vida, não vislumbramos, nem temos qualquer noção do fim da recta.

Na segunda, adquirimos essa noção mas vimo-lo mui...to longínquo!
Entrando nos trinta, começamos a admitir que na verdade esse fim poderá surgir, ao virar da esquina, mas, não. Não me irá acontecer a mim.
Aos 40 temos filhos adolescentes e começamos a temer que a sua inconsciência, lhes possa ser fatal. Aí, nada nos preocupa mais do que proteger ainda mais os nossos “rebentos”. Eles preenchem totalmente a nossa atenção. Queremos a todo o custo evitar que nos tragam em perigosos sobressaltos.

Aos 50, Já um pouco cansados, abrandamos a marcha e eis senão quando, olhamos para o lado e aí está, o nosso primeiro neto.

Nova energia percorre a nossa alma e agarramos ainda com mais força e cuidado o nosso volante, porque agora a noção do fim está cada vez mais presente, mas precisamos que ele fique cada vez mais longe.

Aos 60, década perigosa, surgem as complicações associadas ao decorrer dos anos que vivemos e sem darmos muito bem por isso, inconscientemente, negamos.

Não, não é da idade!

Vou começar a praticar mais assiduamente exercício físico, e vigiar melhor a minha saúde.

Vou viajar, divertir-me, porque preciso de esquecer as maleitas!
Aos 70, as ditas maleitas aumentam e a curva acentuada e descendente obriga-nos a socorrermo-nos do motor para melhor agarrarmos à estrada a “velha máquina”.

Aos 80,temos uma gran...de experiência de condução, mas não a podemos pôr em prática...

Se a memória não desistiu antes das pernas, já vemos o fim muito próximo e sem demora há que arrumar as malas!


Para quê ir acumulando experiência e saber se nos vai faltar tempo para o utilizar?

Fosse eu a estar na criação do Mundo e tantas coisas seriam diferentes!