domingo, 17 de fevereiro de 2013

NO CONCELHO DE ALCOUTIM - Promover artesanato com oficinas-escolas - Proposta já apresentada


(PUBLICADO NO DIÁRIO DE NOTÍCIAS DE 19 DE AGOSTO DE 1986)

A PROPOSTA para a criação de oficinas-escolas de artesanato nas sedes de freguesia do concelho de Alcoutim, foi apresentada no encerramento da primeira feira de artesanato ali realizada.

O seu autor foi Ascensão Nunes, um investigador da história local, que publicou, recentemente, um livro sobre aquele concelho, intitulado: Alcoutim – Capital do Nordeste Algarvio.

Ascensão Nunes, que falava sobre a história do artesanato do concelho, alertou para a necessidade de se ressuscitar essa actividade, “outrora tão rica e intensa”.

Dos inúmeros artesãos que, em tempos, existiram em Alcoutim, ainda se conseguiram reunir durante dois dias cerca de duas dezenas, vindos das diferentes freguesias do concelho.

Cesteiros, ferradores, ferreiros, fabricantes de cadeiras, rendeiras e tecedeiras, e fabricantes de queijos e mel, executara, ao vivo, os seus trabalhos e alguns venderam-nos aos visitantes que ali acorreram.

1ª Feira de Artesanato de Alcoutim. Tecedeira trabalhando. Foto JV, 1986
“Muita gente não veio, no entanto, à feira por falta de transportes” referiu o vereador Francisco Amaral, que manifestou, ao mesmo tempo, a convicção de que esta iniciativa será melhor para o ano.

Como se faz aguardente de medronho

O único produtor de aguardente (por processos tradicionais) do concelho também marcou presença nesta feira, ao lado do seu alambique.

“Aguardente de medronho, aqui, só sou eu que a faço, mas esta é da pura”, acentuou Armando Rosa, de 68 anos, natural do sítio do Pão Duro, freguesia de Vaqueiros, referindo-se à sua actividade que exerce há 18 anos.

1ª Feira de Artesanato de Alcoutim. Comprando mel da serra. Foto JV, 1986
Apesar de não fazer só aguardente de medronho, Armando Rosa insistiu  em explicar o seu processo de fabrico, sublinhando que “para se produzir uma boa aguardente de medronho é preciso apanhar o fruto bem maduro”.

O medronho põe-se nas tulhas. “Depois”, explica, “deita-se na caldeira e faz-se o fogo até que rompa a fervura. De seguida encabeça-se a caldeira e é tudo embarrado. O fogo continua até que a aguardente de medronho corra para o alambique. Conforme corra muito ou pouco, assim se vai regulando o fogo.”

A gastronomia local não ficou esquecida. A caldeirada de peixe muge (tainha) do rio Guadiana e a doçaria local que, segundo reza a história, fez as delícias do próprio rei D. Sebastião, estiveram em evidência.

Artista daquele concelho e outros agrupamentos do Algarve também actuaram nesta feira, que se realizou no castelo de Alcoutim. O Grupo Coral de Mértola encerrou o certame, que foi visitado por mais de duas centenas de pessoas.

A I Feira do Artesanato foi uma iniciativa da Câmara Municipal de Alcoutim, que contou com o apoio da Região de Turismo do Algarve e da Comissão de Coordenação da Região do Algarve.

N.B. - A ilustração é de agora.