quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Fogareiro a petróleo


O aparecimento desta “máquina”, de que nos lembramos ter acontecido em casa de nossos pais, constituiu uma verdadeira revolução na confecções dos alimentos, principalmente tendo em conta o tempo de duração.

Reportando-nos à sua chegada a Alcoutim que deve ter ocorrido em meados do século passado para a vila e uma ou outra aldeia, ele veio substituir o fogo a lenha efectuado no chupão (espécie de lareira pequena)) com o auxílio da trempe e do triângulo de ferro, isto quando as pessoas não tinham uma pilheira no exterior da casa e que constituía uma espécie de fornalha.

Em tempos mais recuados e nas casas mais modestas o fogo era feito a um canto da casa e o fumo saía por uma telha que se levantava no telhado.

Depois da iluminação passar do azeite para o petróleo, da candeia para o candeeiro, com as vantagens conhecidas, chegou a altura de substituir a lenha ou carvão pelo “moderno” e eficiente petróleo.

Havia vários tipos de fogões a petróleo mas o mais vulgar era o que a figura apresenta e ainda em condições de funcionar apesar de se encontrar bastante oxidado.

Constituído por um depósito de metal com uma pequena abertura circular e tampa de enroscar, que se destinava à introdução do petróleo, tinha também outro orifício, em posição inferior onde funcionava uma pequena bomba que pressionada obrigava a sair com menor ou maior intensidade o petróleo que incandescia ao passar por uma cabeça com duas entradas pois havia antes um pequeno receptáculo envolvente que se enchia de álcool desnaturado a que se lançava o fogo.

Na parte superior estava colocado um espalhador nas cabeças silenciosas, enquanto as ruidosas assim chamadas devido ao barulho que produziam tinham um sistema diferente pois a distribuição do calor era menos dividida.

Três espeques saíam da sua base formando os pés e uma trempe sobre a qual assentava uma base de diâmetro semelhante à do depósito e onde se colocavam tachos, panelas e outros utensílios destinados à confecção das refeições.

Era necessário ter “bicos” para poder substituir os que se iam estragando com o uso, trabalho feito com o auxílio de uma chave que funcionava nos mesmos moldes das chaves de velas. Indispensável era igualmente o espevitador que se destinava a limpar alguma impureza que se alojasse no bico.

Tiveram fama os fogareiros da marca Hipólito confeccionados em Torres Vedras.