terça-feira, 18 de dezembro de 2012

D. Pedro de Noronha, tio-avô do 1º Conde de Alcoutim

 
Bispo de Évora e arcebispo de Lisboa de 1424 a 1452. Nasceu nas Astúrias por volta de 1382 e foi figura poderosa da Corte.

Era filho de D. Afonso, Conde de Noreña (Astúrias), condado que incluía o Senhorio de Gijon e de sua mulher a Condessa D. Isabel e era neto natural paterno de Henrique II de Castela e materno natural de D. Fernando de Portugal.

D. Pedro foi o primogénito e teve como irmãos D. Fernando de Noronha que devido às imposições do casamento passou a ser D. Fernando de Meneses, 2º Conde de Vila Real e avô do 1º Conde de Alcoutim, também Fernando de nome, D. Sancho de Noronha que foi o 1º Conde de Odemira e D. Constança de Noronha, duquesa de Bragança, pois casou com D. Afonso, o 1º deste título.

Falecendo os pais em França quando eram todos muito novos, vieram para Portugal ficando ao cuidado do seu tio-avô, o Rei D. João I.

O Papa Martinho V e a instâncias de D. João I nomeia-o em 11 de Janeiro de 1419 bispo de Évora e falecendo D. Diogo Álvares, Bispo de Lisboa, nomeou-o para este lugar, contra a vontade do Cabido da Sé que preferia o Chantre da Sé de Coimbra.

Parece que o prelado não teria seguido a vida religiosa por sua vontade mas imposta por D. João I e, por isso, muitas vezes faltou às suas obrigações pastorais.

Teve primeiro um filho, cuja identidade da mãe se desconhece, depois manteve relações com D. Branca Dias Perestrelo, moça da rainha D. Leonor de Aragão e filha do donatário da ilha de Porto Santo, Bartolomeu Perestrelo, de quem teve os restantes filhos.

Delegou alguns dos seus poderes em vigários gerais que se encarregavam de administrar a diocese.

Por tudo o que aconteceu, foi admoestado pelo Papa Martinho V.

Em 1428 D. João I aproveita para o enviar à Corte de Aragão para tratar do casamento de D. Duarte, futuro rei, com D. Leonor de Aragão de que se saiu airosamente.

Acabou, por isso, por ficar muito afecto à Rainha D. Leonor, apoiando-a contra as pretensões de seu cunhado D. Pedro que veio a ocupar o lugar de regente do Reino.

Por tudo isto, entrou em conflitos com a Câmara de Lisboa acabando por resignar e retirou-se para a sua Vila de Alhandra.

Continuando a ser agravado pela Câmara de Lisboa que expunha as más acções que este tinha cometido, retira-se para Castela, tendo o Regente D. Pedro sequestrado as suas rendas.

Por intervenção de Urbano V e devido a pressões dos seus apoiantes junto da Santa Sé, D. Pedro deixa-o regressar a Lisboa em 1442.

Faleceu em Lisboa a 12 de Agosto de 1452 aos 70 anos e ficou sepultado na Sé de Lisboa.

Foi uma das figuras mais poderosas da Corte na primeira metade do séc. XV.

Legitimou alguns dos seus filhos com todos os direitos como se legítimos fossem. Aconteceu isso ao mais velho, D. João de Noronha, Alcaide-mor de Óbidos, que casou com D. Filipa de Ataíde e depois com D. Mécia de Vasconcelos e a D. Isabel de Noronha, que foi Marquesa de Montemor-o-Novo, D. Pedro de Noronha, Senhor do Cadaval, Comendador da Ordem de Santiago e foi embaixador de D. João II a Inocêncio VIII e que casou com D. Catarina de Távora e D. Fernando de Noronha, alcaide-mor de Salir, Guarda-mor e Governador da Casa da Rainha D. Joana, a “Excelente Senhora”e que casou com D. Constança de Albuquerque, irmã de Afonso de Albuquerque. D. Fernando de Noronha e D. Constança de Albuquerque foram pais do vice-rei da Índia, D. Garcia de Noronha.

Além destes teve mais três filhos.
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Brasões da Sala de Sintra, Anselmo Braamcamp Freire, Imprensa da Universidade, 1921

História de Portugal, Edição Monumental da Portucalense Editora, Porto, 1928 (Dir. Lit. de Damião Peres)
 
Quem é quem, - Portugueses Célebres, (Coord. Leonel de Oliveira) Círculo de Leitores, 2008