sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Molim e monilha


Molim
Vamos apresentar neste espaço mais duas peças-utensílios que caminham para a extinção e que se manterão, possivelmente, a nível de artesanato.

Têm uma função idêntica com a diferença de uma ser mais requintada na sua confecção e a outra mais simples.

Dão-lhe, pelo menos no concelho de Alcoutim, nomes diferentes para as distinguirem.

O molim, termo que não conseguimos encontrar nos vários dicionários que consultámos, é utilizado em passeios ou cerimónias de fundo distractivo ou cerimonial, enquanto a monilha, com aplicação idêntica, é utilizada nos trabalhos de campo.

Também não conseguimos encontrar tal termo, presumindo que seja importado do país vizinho, como acontece com outros igualmente usados por estas paragens mas que têm origem no outro lado do Guadiana e isto devido ao intercâmbio de trabalho que existiu nos séculos XIX até meados do seguinte, mais propriamente até à Guerra Civil.



Monilha
Os portugueses iam trabalhar para as “fincas” onde eram muito apreciados nos trabalhos cerealíferos pelo conhecimento que tinham deles. Depois dessas temporadas, regressavam a Portugal com alguns “duros” no bolso.

Em contrapartida, espanhóis vinham para Portugal trabalhar noutras áreas.

É natural que algumas palavras ainda sejam usadas e trazidas daquele país, o que possivelmente existirá no país vizinho e relativo a termos portugueses.

Estas peças são utilizadas em gado equídeo, principalmente em mulas e machos.

São feitas por albardeiros, hoje uma profissão em extinção, mas que em tempos foi muito rendosa, pois não havia falta de trabalho como hoje acontece.

Ambas eram confeccionadas com palha de centeio que comprimidamente enchia o molde feito em serapilheira que depois era reforçado em carneira.

Quando se tratava de um molim ou seja a monilha fina, havia, naturalmente, um embelezamento através de espelhos, em geral três, sendo um maior e os outros dois iguais, o aparecimento de borlas feitas de fio de lã de cores variadas e garridas e de enfeites confeccionados com o mesmo material e conforme o gosto do freguês e a habilidade do artista. Ainda que a base fosse sempre a mesma, naturalmente que a mão do artista dava-lhe um toque especial. No alto, era indispensável o embelezamento feito com cerdas seleccionadas da crina ou do rabo.

As barrigueiras e as tiradeiras faziam a ligação ao animal.

Uma carrinha puxada por uma mula aparelhada com vistoso molim equivalia hoje à apresentação de um Mercedes topo de gama.