sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Cama de ferro de "amarelos"


A ferrajaria foi sempre uma arte muito praticada pelos portugueses e em séculos passados espalhava-se por todo o país, mesmo pelos lugares mais recônditos.

Com efeito, Alcoutim não fugia à regra apesar do seu isolamento.

A cama de ferro foi sempre uma das peças mais emblemáticas, existindo de três tamanhos, a de casal, a maior, de corpo e meio e a individual ou de solteiro, a mais pequena.

Os quartos, na altura, tinham, naturalmente, a cama e quando muito um lavatório também de ferro, uma mala ou baú e uma cadeira que por vezes servia de mesa-de-cabeceira.

São vários os tipos de cama, dos mais simples aos mais trabalhados e alguns acabam por ter designações populares pelas quais são conhecidos.

O que a foto apresenta é conhecido, como o título indica, por cama de ferro de “amarelos”. Neste caso, o formato é de corpo e meio.

A peça da cabeceira é absolutamente igual à dos pés, o que nem sempre acontece noutros modelos. O trabalho do ferro em linhas direitas é do mais simples que há. A sua distinção ou beleza está precisamente nos amarelos ou seja, nos dois varões superiores, tanto na parte que serve de cabeceira como na oposta.

As quatro maçanetas esféricas e adornadas, de tamanho idêntico, encaixam noutras tantas peças do mesmo metal que fazem a ligação entre o pé e o varão.

Os pés possuíam pequenas rodas giratórias, que este exemplar já não tem, pois a sua existência tem seguramente próximo de um século.

Os amarelos quando estão devidamente polidos chamam a atenção.

Enquanto nos sítios mais evoluídos a limpeza era feita com um líquido conhecido por “selarine”, por aqui e como se compreende os métodos eram diferentes e utilizava-se a pele da amêndoa, o que eu desconhecia totalmente.