sexta-feira, 6 de julho de 2012

A serra de mão

A peça que apresentamos pode encontrar-se do norte a sul do país ainda que o seu uso comece a ser cada vez menor.

A fotografada é mesmo do concelho de Alcoutim mas já passou a sua época.

Há vários tipos de instrumentos que se destinam a corte de madeira, ferro e outros materiais, mas este destinava-se a corte de madeira e era designado por serra de mão, serra de carpinteiro ou apenas serra.

A introdução de instrumentos eléctricos há décadas, menos trabalhosos, mais rápidos e mais eficientes, veio colocar em posição de inactividade os instrumentos movidos pela força do homem, principalmente os de maior envergadura.

A armação das serras de mão era de uma maneira geral feita por aqueles que as iam utilizar e não nos lembramos de as ver à venda.

Comprava-se uma lâmina de ferro mais ou menos endurecida pela têmpera, de uma maneira geral comprida, dentada, havia vários tamanhos e de larguras diferenciadas, sendo as mais estreitas destinadas a rodear, o que fazem hoje as eléctricas tico-tico.

Adquiriam-se, igualmente, duas peças de madeira torneadas, cilíndricas, com uma ranhura ao meio e que se ajustassem à folha (lâmina).

Arranjavam-se depois as duas peças laterais da armação, designadas por testos, testicos, testeiras, cabeceiras e outras conforme as regiões. Tinha de haver o cuidado de escolher madeira bem rija, sendo procurados para o efeito raios de rodas de carros de bois ou carroças já sem utilização. O seu comprimento tinha de ficar na relação adequada com a distância da folha, não muito curta nem muito comprida, um pouco maior do que metade da lâmina.

Furavam-se com um trado as extremidades por onde iam entrar as peças torneadas que se fixavam à folha por intermédio de pequenos pregos que passavam em aberturas próprias que as extremidades da lâmina possuíam.

As travessas (testos) eram fixadas uma à outra por intermédio de uma haste, o alfeizar, e que para o efeito se faziam os competentes encaixes. Situava-se ao meio das travessas, em posição paralela à lâmina e do mesmo comprimento.

A parte oposta à folha é ocupada por corda, várias fiadas, após se ajustarem, para o efeito, as extremidades no sentido da corda não sair. A esta corda chama-se o cairo que se vai torcendo ou destorcendo ao meio por intermédio de uma pequena e estreita ripa a que se chama trabelho. Com isto encontra-se um ponto considerado o ajustado para o equilíbrio da ferramenta.

Hoje, fazer uma serra destas ficará muito mais cara do que comprar uma eléctrica, não temos dúvidas.

Ficarão para museus.