quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Mestras, o monte na confluência de dois ribeiros que formam a Ribeira da Foupana

[Vista parcial da povoação. Foto JV, 2011]

O topónimo Mestras aparece a nível de povoação, pelo menos cinco vezes, espalhado pelo centro e sul do País.(1)

A sua origem está no substantivo feminino “mestra”, como refere o etimologista José Pedro Machado. (2)

Mestre é um dos antropónimos mais vulgares no concelho. Como é vulgar em todo o país a nível da linguística popular, as filhas dos Mestres são designadas por Mestras.

A origem do topónimo poderá estar nesta circunstância ou na da existência de alguém que soubesse ensinar qualquer coisa, ler, escrever ou arte em sentido tradicional.

Claro que não se sabe quando a pequena povoação foi fundada e assim designada, mas já é indicada nas Memórias Paroquiais de 1758 como Monte das Mestras.

O lugarejo identificado por placa toponímica, situa-se próximo da confluência de dois braços que formam a ribeira da Foupana, um oriundo da freguesia do Ameixial, mais propriamente da Corte João Marques e o outro da de Cachopo. (3)

A presença da ribeira proporciona terrenos com alguma capacidade agrícola.

O acesso é presentemente feito por estradas asfaltadas. Os “montes” que lhe ficam mais próximos são: Barroso a 1,5 km, Monte da Estrada a 4 e os Zorrinhos de Cima a 4,5.

A sede da freguesia a que pertence, Martim Longo, fica a 12 km. Por outro lado, a sede do concelho, a vila de Alcoutim está distante 42.

Parece que a povoação teria feito parte da freguesia de Cachopo enquanto esta pertenceu ao concelho de Alcoutim mas que depois de ter passado para o de Tavira, em 1836, passou a fazer parte da freguesia de Martim Longo.

Dizemos isto porque em 1771, Manuel Dias, deste “monte”, identificado no documento como pertencente à freguesia de Cachopo, que então pertencia ao concelho de Alcoutim, fazia o manifesto do seu gado constituído por gado bovino e caprino.

[Entrada do monte vindo do Pessegueiro. Foto JV, 2011]

Outro Manuel Dias, possivelmente da mesma família, foi nomeado em 1840, por parte da Câmara Municipal, juntamente com Manuel Lopes, dos Relvais, um monte já desaparecido, como encarregado da divisão deste concelho com o de Loulé pela parte que confina com a freguesia de Ameixial. (4)

Em 1842, Manuel Dias Cavaco era membro do Conselho Municipal e Domingos Lopes, em 1854/55, exerceu as funções de Juiz Eleito no Julgado de Martim Longo.

[Antigo poço do monte. Foto JV, 2011]

Só em 1985 chegou a energia eléctrica que se inaugurou no dia 4 de Dezembro. (5)

Em 1992 procedeu-se à abertura de um furo artesiano. (6)

Os arruamentos foram pavimentados em 1993 e construído um forno comunitário em 1996. (7)

Entretanto é construída na ribeira uma passagem submersível (8) e é pavimentado o troço Barroso-Mestras. (9) Anteriormente tinha sido construído o caminho municipal para o Pereirão. (10)

Em 2008 já havia distribuição de água ao domicílio.

Quanto à população, em 1911, tinha 38 habitantes, número que desceu para 26 em 1981, mas dez anos depois e surpreendentemente subiu para 28.

Desconhecemos os dados referentes aos dois últimos censos.



Notas

(1) – Novo Dicionário Corográfico de Portugal, A.C.Amaral Frazão, Editorial Domingos Barreira, Porto, 1981
(2) – Dicionário Onomástico Etimológico da Língua Portuguesa, Horizonte / Confluência, 2ª Edição, 1983, Vol. II, p.987
(3) – Corografia do Reino Algarve, João Baptista da Silva Lopes, 1841, p 400
(4) - Acta da Sessão da C.M.A. de 18 de Fevereiro de 1840
(5) - Jornal do Algarve de 5 de Dezembro de 1985
(6) – Boletim Municipal, nº 10 de Abril de 1992
(7) - Alcoutim, Revista Municipal nº 3, de Junho de 1996
(8) – Alcoutim, Revista Municipal, nº 6 de Janeiro de 1999, p.11
(9) – Alcoutim, Revista Municipal, nº 11 de Janeiro de 2005, p 11
(10) – Alcoutim, Revista Municipal nº 10 de Dezembro de 2003, p 7