segunda-feira, 16 de maio de 2011

As "costas"



A “iguaria” que apresentamos hoje e ligada à culinária/doçaria tem um nome que os dicionários que consultei não trazem com este sentido e deve tratar-se de um regionalismo próprio do Sul do país, das zonas do Baixo-Alentejo e Serra do Algarve.

As costas eram feitas quando se cozia a “amassadura” da semana e que se efectuava por toda o concelho de Alcoutim até meados do século passado pois era a única maneira de se obter o precioso alimento (pão), base da alimentação destas gentes.

Depois de se amassar o pão, retirava-se uma pequena quantidade de massa que se voltava a amassar adicionando-se uma gordura, azeite ou banha conforme o gosto e disponibilidade económica. Com a gordura tornava-a massa mais tenra, juntando-se-lhe um pouco de farinha ficava mais consistente e própria para tomar uma forma parecida com a que a foto apresenta.

Coziam-se ao mesmo tempo que o pão e eram muito utilizadas para acompanhar o “café preto”.

Era esta a forma original de fazer “costas” que com o decorrer dos tempos foi sofrendo inovações, acompanhando a melhoria de condições económicas. Começou por juntar-se um pouco de açúcar e mesmo mel, tão próprio desta região. Hoje já lhe juntam variadíssimos paladares.

As costas que a foto apresenta não são “caseiras” mas sim semi-industriais, notando-se bem que existe diferença entre a que está ao centro e as que a rodeiam pois as mais claras têm um pouco mais de açúcar.

Todas as padarias regionais vendem este produto que é muito do agrado deste povo e acabam por ser todas diferentes umas das outras, havendo compradores para todas.

Quando passar por estes lados não deixe de provar esta “iguaria” local e pode ser que lhe agrade.