quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

D. Pedro de Meneses, 2º Conde de Alcoutim, homem culto e requintado

Pequena nota
O presente escrito é uma adaptação, com pequenas alterações, do artigo que publicámos no Jornal do Baixo Guadiana, nº 85, de Maio de 2007 e que tinha por título:-“ D. Pedro de Meneses, 2º Conde de Alcoutim – um bom patrono para a Escola Básica Integrada local” já que os dados que referimos sobre a figura, para mim são quase os mesmos que hoje possuo.
Certamente que os responsáveis entenderam que a hipótese apresentada não reunia condições para tal, continuando à espera que surja efectivamente um nome que mereça tal distinção, o que poderá não levar muito tempo a encontrar.
A título puramente informativo podemos dizer que desde Maio até hoje a postagem “D. Fernando de Meneses, 1º Conde de Alcoutim (3 de Abril de 2009)” é a grande distância de todas as outras, a mais procurada no ALCOUTIM LIVRE. Porquê, não sei.

JV

Dos seis fidalgos que usaram o título de Conde de Alcoutim, parece-nos ser este o que no âmbito nacional atingiu maior projecção, já que é considerado uma pessoa com boa formação em todos os aspectos que na época eram importantes e próprios de uma figura de prestígio.

Os genealogistas e historiadores dão-no como tendo nascido provavelmente em Ceuta em 1487 (em 16 de Abril a sua mãe encontrava-se em Alcoutim) e falecido em Santarém em 1543, por isso, com cerca de cinquenta e seis anos.

Além de 2º Conde de Alcoutim, era 5º de Vila Real, e 3º Marquês do mesmo título, 2º Conde de Valença, 5º Capitão de Ceuta e Alcaide-mor de Leiria.

À Casa de Vila Real pertencia a tença da Judiaria de Alcoutim.

Entre muitas outras, foi Senhor das vilas de Valença, Caminha, Valadares, Almeida, Alcoentre, Chão de Couce, Pousaflores, Maçãs de D. Maria, Vagos, Azurara e Pindelo.
Toma o título de Conde de Alcoutim em 1499 quando lhe falece o avô, por isso, com cerca de doze anos e é com essa idade que dá uma lição pública de Retórica na Universidade de Lisboa.

Aos dezassete e com a presença do Rei D. Manuel, pronunciou em latim a oração solene da abertura da Universidade de Lisboa.

Foi discípulo do humanista siciliano, Cataldo Parísio Sículo, que o exalta como modelo de fidalgo renascentista. Foi igualmente aluno de Simão Vaz.

É considerado um insigne latinista tanto em prosa com em verso.

De 1512 a 1527 foi capitão e governador de Ceuta, funções que desempenha com valor militar.
Casa em Dezembro de 1519 com a sua prima D. Brites de Lara, filha do Condestável de Portugal, D. Afonso, filho bastardo do Duque de Viseu, D. Diogo e da Marquesa de Vila Hermosa, sobrinho de D. Manuel I e de sua mulher D. Joana de Noronha.

Deste casamento nasceram cinco filhos, vindo a ser o primogénito o 3º Conde e o secundogénito, 4º , por falta de descendência do irmão. D. Joana de Lara veio a ser pelo casamento, Duquesa de Aveiro; D. Bárbara de Lara, Condessa de Castanheira e D. Maria de Lara foi freira no Convento de Santa Clara, de Santarém.

D. Pedro de Meneses é apresentado como destro e generoso para com os adversários no jogo das canas, toureiro hábil, matando de uma estocada certeira. Bom dançarino, cantor e tocador de harpa. É assim que o define Cataldo Sículo.

Em 1524 e devido ao falecimento de seu pai ocorrido em Almeirim, já possui o título de Marquês.



Em 1526, sai de Lisboa à frente da embaixada que irá entregar a Infanta D. Isabel, irmã do Rei D. João III, a seu marido o Imperador Carlos V da Alemanha ou Carlos I de Espanha.

Esperava receber o título de Duque, o que não veio a acontecer.

[Monumento na Cidade de Ceuta a D. Pedro de Meneses, ascendente dos Condes de Alcoutim]

Em 1534 já se encontrava restaurada a Ermida de Nª Sª da Conceição, na vila de Alcoutim, o que foi feito pelos moradores com o auxílio do 3º Marquês de Vila Real com a dádiva de sessenta e três mil reais. No interior do templo, lá estava a divisa “aleo”.

Igualmente não passa despercebida a mesma divisa em brasão que encima o portal da igreja matriz da vila de Alcoutim.

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BIBLIOGRAFIA

História Genealógica da Casa Real Portuguesa, António Caetano de Sousa, Vol. II, Edição QuidNovi/Público – Academia Portuguesa da História

Enciclopédia Verbo-Luso Brasileira de Cultura. – Edição Séc. XXI

Nobreza de Portugal e do Brasil, Edições Zarol

Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira

Estudos sobre o Século XVI, Américo da Costa Ramalho, 2ª Edição, IN-CM, 1982

História do Ensino em Portugal, Rómulo de Carvalho

Azurara, Subsídios para a sua monografia, Bertino Guimarães, Eugénio Freitas e Serafim Neves, Porto, 1948.

“Visitações” da Ordem de Santiago no Sotavento Algarvio, Hugo Cavaco, 1987

Dicionário Ilustrado da História de Portugal, Publicações Alfa, Vol. II, 1985.

Archivo Historico Portuguez, Anselmo Braamcamp Freire, Vol II, Lisboa, 1904.