quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Rua da Misericórdia, à noite



A Câmara Escura de hoje é de recente feitura pois a máquina digital disparou em Agosto último.

Como o cabeçalho indica, representa a medieval Rua da Misericórdia, à noite.

Esta via, a que se segue com as mesmas característica a chamada Rua Portas de Mértola, com a actual Dr. João Dias e no seguimento a de D. Sancho II, constituíram, durante séculos os eixos fundamentais do velho burgo que desembocavam na praça ou largo onde se situavam o poder político, administrativo e de justiça (Câmara, Repartições Públicas, Pelourinho e Cadeia), a religiosidade, (Igreja Matriz, da Misericórdia e Capela de Sto. António) e as indispensáveis transacções comerciais, negócios de algum volume e a que se associavam as inerentes a qualquer meio urbano (comércio a retalho).

Nalguns casos esse espaço teve funções de rossio, o que aqui não aconteceu.

Era também nesta área que se situavam as habitações dos grandes senhores, como a apalaçada “Casa dos Condes”, a residência do “Capitão-Mor” e as “Casas Nobres” do Padre António, actuais Paços do Concelho.

Este espaço só era levemente interrompido pelas “Casas da Câmara” arruinadas pela grande Cheia de 1823 e em cujo local se vieram a construir muitíssimo mais tarde as antigas escolas, edifício ainda hoje existente e pelo templo mais novo da vila, a Capela de Sto. António.

Ainda que por veredas e caminhos aqui chegasse o povo do concelho, era o Guadiana que trazia o grande afluxo que beneficiava do velhíssimo cais, mesmo junto às Portas do Rio ou do Guadiana.

Embora esta ruela bem característica da idade média certamente tivesse sido conhecida por Rua da Misericórdia a partir do séc. XVI já que era e é ali que se encontram as suas instalações administrativas e religiosas, o nome oficial só teve lugar muito depois.

Era por esta rua que passavam as primeiras camionetas de transporte público que serviram a vila.