segunda-feira, 27 de setembro de 2010

O figo da índia e o seu aproveitamento



As insónias, quando se chega a uma idade mais avançada, são uma pecha que atormenta a maioria dos idosos, pelo que também eu tenho períodos em que sinto esse flagelo.

A última vez que isso me aconteceu, foi na passada terça-feira, dia 21, pelo que não conseguindo dormir, resolvi ligar o rádio para ouvir música baixinha o que nalgumas vezes facilita o adormecer.

Rondaria as 6 da manhã e a “Antena 1” estava dinâmica com o noticiário: Prefiro o da rádio ao da televisão por ser mais completo e informativo.

O sono continuava distante até que, para meu espanto, o jornalista diz que vai ligar a Alcoutim.

Pensei com os meus botões que fosse mais uma das "larachas" que por vezes aparecem, passando pelos jornais locais, regionais, nacionais, rádios e televisões. Afinal enganei-me, era algo de diferente.

Se não tinha sono, acabava por ter o cérebro cansado pela falta de dormir, mas o facto não evitou que me tivesse apercebido que alguém no concelho de Alcoutim tem um projecto ou está tentando, no concelho mais pobre do país ou pelo menos um dos mais pobres, aproveitar algo que à primeira vista não presta para nada, o figo da Índia, mais conhecido localmente por figo de tuna.

Quando ainda se criavam porcos pelo concelho, era um dos principais alimentos desses animais, tendo ouvido dizer que esta alimentação dava bom gosto à carne.

Era um fruto que desconhecia quando cheguei a Alcoutim e ao prová-lo não me agradou muito, contudo, tempos depois, talvez pelo hábito, comecei a apreciá-lo.

Ainda no tempo do escudo entrando numa grande superfície comercial de uma cidade do Oeste, vi-os à venda, com pouco bom aspecto e estavam marcados a 600$00 o quilo!
Disse para com os meus botões, aqui está uma coisa que se dá tão bem em Alcoutim e que podia gerar alguma fonte de riqueza.

Falando algum tempo depois com um alcoutenejo que realizou variadíssimos projectos com auxílios comunitários e que nenhum acabou por vingar, disse-me que chegou a pensar nisso mas que tinha posto a ideia de parte.

Pela entrevista, aclarei algumas das utilizações que já conhecia conforme indico na minha postagem de 8 de Abril de 2009.

Licores, compotas, destilação, farmacopeia e cosmética são algumas das áreas que podem ser exploradas. Das sementes extrai-se um óleo valioso, comprado pela indústria cosmética. O fruto é utilizado para o combate à diarreia, ainda que o seu uso excessivo possa causar obstipação.

Nunca tinha ouvido falar disto no concelho de Alcoutim.

Numa região tão pobre, parece-me que tal exploração poderá ser compensadora, pois tem uma compreensível base de sustentação.

A figueira-da-índia é plantada para exploração das suas potencialidades em vários países, como no México, de onde parece originar, em Itália e no Brasil, entre outros.

Será que o projecto irá ser apoiado por quem de direito?

Oxalá que sim, mas duvido.

O povo gosta é de festas!