terça-feira, 13 de julho de 2010

Monchique, pequeno monte na freguesia de Vaqueiros



A referência mais antiga que dele possuímos é a que nos fornece as Memórias Paroquias de 1758 que o indica como tendo dois fogos, o que acontecia a variadíssimos na freguesia. Uns desenvolveram-se, outros continuaram como pequenos povoados e outros extinguiram-se completamente.

Em 1839 Silva Lopes continua a atribuir-lhe dois fogos. (1)

Devido ao número exíguo dos seus habitantes, são incluídos nos “isolados” nos últimos recenseamentos. Tem por isso menos de dez habitantes.

O topónimo, segundo os especialistas, não é fácil de abordar, sendo considerado duvidoso ou mal esclarecido o étimo do vocábulo. (2)

José Pedro Machado diz que não tem aparência de arábico, embora possa ter passado por esta fieira (3), enquanto José Cunha diz que provem do árabe “Munt Sàquir” que significa “Montanha Sagrada”, “Monte Santo”. (4)

Esta pequena povoação situa-se na freguesia de Vaqueiros e só saiu do isolamento em que se encontrava com uma terraplanagem que partindo do Montinho da Revelada, passando próximo dele chega ao limite do concelho por este lado, ligando com o Monte da Amoreira, do concelho de Tavira. (5)

Pouco depois, em 1988, veio a ser pavimentada passando a fazer parte da E.M. nº 505 que se estende em sentido contrário e vai ligar às Furnazinhas, concelho de Castro Marim.


[Outro aspecto da pequena povoação. Foto JV, 2010]

A estrada é relativamente estreita mas suficiente para o movimento. A azinheira domina e não faltam as curvas e contracurvas que vão vencendo os montículos. Por vezes aparecem plantações de pinheiros ou azinheiras numa tentativa de florestação. O veículo acaba de fazer uma subida e à nossa frente surge-nos uma lindíssima paisagem que nos obriga a sair do carro. É um vale profundo a que se seguem cerros que se vão sobrepondo uns aos outros até se diluírem no espaço. É das mais belas paisagens que conhecemos no concelho e que até não está referenciada como tal.

Continuando o nosso caminho, aparece-nos à nossa direita, na aba de um pequeno cerro, o monte que procuramos, com placa toponímica identificativa.

Situa-se a cerca de 4 km do Montinho da Revelada.

Para o visitarmos, temos que tomar um pequeno desvio asfaltado. Uma ou duas casas relativamente recentes, tipo vivenda, possivelmente pertença de ex-emigrantes e outras ao modo antigo, encontrando-se algumas em ruínas.

[Antigo poço apetrechado de bomba elevatória e nova estação. Foto JV, 2010]

Um lavadouro público e água distribuída por fontanários, sendo visível a estação elevatória. Recolha de lixo.

Algumas oliveiras de porte elevado dão nas vistas e não deixam de aparecer também as típicas tuneiras cujo fruto era uma das bases da alimentação do porco que se matava pelo Natal e constituía o governo para o ano seguinte.

Em 10 de Dezembro de 1992 inaugurou-se o fornecimento de energia eléctrica (6) e os telefones fixos chegaram em 1995. (7)

Os arruamentos são arranjados em 2009. (8)

Os habitantes da freguesia de Vaqueiros requereram ao Administrador do Concelho, em 1891, para se realizar no dia 15 de Janeiro, uma montaria aos lobos que fazem grandes estragos nos gados. Uma das bandeiras será colocada no Cerro da Horta do Castanho, próximo deste “monte”.(9)

NOTAS

(1)–Corografia do Algarve, 1841.
(2)–Dos Topónimos e Gentílicos, de Xavier Fernandes, Vol. II, 1944, p 336.
(3)–Dicionário Onomástico Etimológico da Língua Portuguesa, Horizontes/Confluência, Vol. II, 1993, p 1012.
(4)–Glossário Toponímico – Galiza, Portugal e Brasil (http://glossariotoponimiagpb.blogspot.com – em 12.07.2010).
(5)-Boletim Municipal nº 4 de Abril de 1989.
(6)-Boletim Municipal, nº 12 de Abril de 1993.
(7)-Alcoutim - Revista da C.M.A., nº 1, de Maio/Junho de 1995.
(8)–Alcoutim, Revista Municipal, nº 15 de Julho de 2009, p. 17.
(9)-Ofício nº 6 de 7 de Janeiro de 1891, do Administrador do concelho de Alcoutim ao Administrador do concelho de Tavira.