quarta-feira, 9 de junho de 2010

A família Barriga

[Rua Dr. João Dias na Vila de Alcoutim. Foto JV, 2010]

Como é do conhecimento geral há famílias cujo nome identificam uma região, um concelho ou mesmo uma freguesia.

Estes nomes não podem ser vulgares pois Guerreiros e Cavacos, além do Algarve, espalham-se por todo o país.

Barriga não é muito vulgar e que nós saibamos, nos últimos quarenta anos, não existiu ninguém com esse nome no concelho de Alcoutim, ainda que exista no Algarve.

Nas nossas pesquisas ao longo do tempo fomos contudo encontrando alguns “Barriga” que fomos anotando e que possivelmente teriam pertencido à mesma família.

O primeiro que nos aparece é um António Barriga que traz umas casas de morada de que paga foro à Ermida de Nª Sª da Conceição e isto em 1518.

No mesmo ano, Vasco Rodrigues Barriga ofereceu um cálix de prata com a sua patena à Igreja de Martim Longo.

Anos depois (1534) Diogo Rodrigues Barriga ajudou à compra de um cálix novo de prata e outros objectos para a Igreja de Martim Longo.

[Interessante trecho da aldeia de Martim Longo. Foto JV, 2010]

Em 1565 um Vasco Barriga, morador na Vila, era mordomo da Igreja Matriz e recebedor da fábrica da dita igreja, enquanto Afonso Barriga era mordomo da Confraria do SS. Sacramento de Alcoutim.

Na aldeia do Pereiro, um Gregório Barriga exercia a actividade de ferreiro pelo menos em 1768 e um Domingos da Costa Barriga fazia o arrolamento do seu gado na Câmara de Alcoutim em 1771.

É possível que um deles tivesse deixado o seu nome ligado à zona rústica designada por Cerro Domingos Barriga, próximo e a sul da Vila de Alcoutim.

Significa isto que os “Barriga” estavam espalhados pelo menos por três freguesias do concelho, Martim Longo, Alcoutim e Pereiro.

Ao longo dos séculos verifica-se que gentes de Martim Longo deslocaram-se daquela freguesia para a vila e raramente alguém da vila o fez em relação a Martim Longo. Tem isto a ver, e como ainda hoje acontece, pela atracção do poder político que proporciona benesses que de outro modo não conseguiam obter.

O que os “vileiros” ainda hoje fazem é recorrer ao comércio martim-longuense que lhe oferece o que a vila nunca possuiu.

Quem conheça um pouco do passado de Alcoutim ou de qualquer outra terra, sabe que existiram famílias que acabaram por se extinguir por deslocação para outras terras pelos mais variados motivos e por vezes por falta de geração.

Aqui fica este pequeno apontamento, que consideramos com algum interesse na área da genealogia.