domingo, 28 de março de 2010

Português me confesso... ...com orgulho!

Pequena nota

É com prazer que partilhamos com os nossos visitantes / leitores um dos belos poemas que o nosso colega de profissão, colaborador deste ALCOUTIM LIVRE e amigo teve a amabilidade de nos oferecer, a mim e a minha mulher.
JV




Em vez das tradicionais amêndoas, é com muito gosto que vos envio dois simples poemas cuja virtude residirá unicamente no facto de irem contra a corrente dos sentimentos de desânimo, de descrença em nós próprios e, até, de algum desamor pátrio que grassam entre nós nestes tempos difíceis que estamos a viver.
Com os poemas, vão os votos sinceros e amigos de uma Páscoa alegre e feliz gozada na companhia daqueles que mais amais.









Vila do Conde, Páscoa de 2010.









Poeta

José Temudo





SER PORTUGUÊS

Um dia, se puder,
nesse dia, se souber,
com alegria, hei-de dizer,
sem “mas” e sem “talvez”,
o orgulho imenso,
sentido e tenso,
em ser português!

Hei-de falar do que somos,
sem esquecer o que fomos.

Hei-de lembrar os castelos
altaneiros, rudes mas belos,
que erguemos ou conquistámos,
que perdemos e reconquistámos.

Não esquecerei cada palmo de terra que ganhámos,
e dos rios de sangue que por eles pagámos.

Recordarei os que, um dia, sonharam
-Homens de Estado, de Deus e do Povo -
e, determinados, abalaram
em busca de um Mundo Novo!

Hei-de falar dos mares que afrontámos,
dos caminhos que abrimos,
das terras distantes a que aportámos,
das ilhas que descobrimos!

Hei-de falar das fomes que passámos,
das doenças que sofremos,
das mortes que chorámos,
das saudades que tivemos!

Lembrarei as raças que conhecemos,
com que comerciámos,
a que ensinámos,
com quem aprendemos,
que nos estimaram,
com quem nos cruzámos!

E falarei daqueles com quem lutámos,
a quem muito roubámos,
que nos odiaram,
que nos esqueceram.

Hei-de falar da língua que criámos,
e que pelo mundo divulgámos!

Falarei dos trovadores,
dos poetas, dos provadores,
dos cronistas, dos historiadores!

Sim, um dia hei-de falar,
com orgulho, satisfeito,
deste povo singular,
de mil raças feito!

Se eu ainda puder,
se for capaz, se souber,
um dia, hei-de contar!


Vila do Conde, 10 de Outubro de 2009