terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

A residência do Capitão-Mor


Os visitantes/leitores deste blogue, muitos deles assíduos e de que naturalmente desconheço o número, (só sei que as visitas já ultrapassaram as 11 mil) já terão lido algumas referências que aqui tenho feito e de diversos tipos, à chamada “Casa do Capitão-Mor”.

Também alguns dos colaboradores, nomeadamente Gaspar Santos e José Temudo o têm feito.

Encontro-me hoje (2010.02.07) num período de visita ao concelho. Nos pequenos espaços que tenho livres, ou por outra que procuro que sejam livres, desloquei-me à Vila para efectuar uma sessão de fotografias, sem qualquer intuito técnico e mesmo algumas com nível muito baixo, como naturalmente reconhecemos.

As fotos destinam-se além de uma satisfação pessoal, a ter hipóteses de documentar os “escritos” que eu e os colaboradores vamos publicando no ALCOUTIM LIVRE.

Neste dia que dedicámos à vila e sem o procurar, acabámos por “disparar” a máquina para aquilo que além de não nos admirar, poderá ser admiração para muita gente mal informada.

A fotografia que apresentamos do telhado da “Casa do Capitão-Mor” é por demais elucidativa e que nos leva a prever que dentro em breve abaterá!

Este edifício e para quem conhece, tem grande significado para a história local, ainda que tenha sofrido pelo menos nos último 50 anos reparações não ajustadas às suas raízes.

A primeira que lhe conhecemos, já propriedade municipal, foi quando devido a incúria ruiu a cimalha, o que levou à transferência provisória das instalações da Repartição de Finanças e tesouraria de Fazenda Pública, para o edifício dos Paços do Concelho. Tanto a cimalha do beiral do telhado como a da moldura das janelas de sacada foram no restauro, obliteradas.

A quando da restauração das instalações das mesmas repartições, depois do 25 de Abril, houve novamente desajustamentos e creio que por inteiro desconhecimento pois pensava-se que se estava a realizar o melhor possível!

Com a extinção da Guarda Fiscal as instalações ocupadas por esta força militarizada e pertencentes ao Ministério das Finanças foram adaptadas para a instalação da Repartição de Finanças e Tesouraria da Fazenda Pública.

O prédio conhecido por Casa do Capitão-Mor ficou só ocupado pelo Posto da GNR., ficando o restante devoluto.


Depois de alguns anos perguntei politicamente a quem de direito qual o destino daquele espaço histórico de Alcoutim, tendo-me sido afirmado que iria ser adaptado aos serviços técnicos camarários.

Não tenho aqui elementos concretos mas isto tenho a certeza que se passou há mais de 10 anos! O que vi foi no rés-do-chão meterem-se embarcações desportivas conhecidas por canoas! A degradação é notória.

Existe efectivamente o abandono do edifício com a agravante do telhado estar a cair. Até as pináculas de madeira que embelezavam os vértices superiores das grades de ferro forjado, há muito desapareceram.

Eu sei que naturalmente o dinheiro não é elástico e não chega para tudo e existem outras prioridades, mas para nós deixar desaparecer este edifício emblemático da Vila, ou desvirtuá-lo, é um “crime” de lesa-património.