segunda-feira, 23 de novembro de 2009

A patrona



O uso pelas mulheres portugueses de uma espécie de algibeira atacada à cintura espalhou-se de uma maneira geral por todo o País, ainda que essa algibeira (bolsa) possa apresentar diferenças muito consideráveis de região para região, tanto na forma e confecção como na colocação.

Alguns dicionários que consultámos referem o termo como um provincianismo e cuja definição se ajusta. Assim, o Dicionário (Francisco Torrinha), Editorial Domingos Barreira, Porto, 1946, diz: Algibeira solta usada por mulheres, enquanto o Lello Universal, Dicionário Enciclopédico Luso-Brasileiro, Porto, 1975, acrescentou-lhe a palavra “Grande”.

Mais preciso é o Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea – Academia das Ciências de Lisboa – Verbo, 2001, que define como Algibeira solta utilizada por mulheres normalmente presa à cintura.
Naturalmente o que nos interessa é definir a “patrona” usada pelas alcoutenejas de antanho.



As mulheres de meia-idade ainda têm uma leve noção para que serviam essas bolsas mas desconhecem completamente o nome que as designava, como recentemente confirmei. Algumas idosas mantiveram na sua memória a designação usada e souberam descrevê-las em pormenor.

A primeira vez que ouvimos falar e vimos uma patrona foi há cerca de dez /doze anos quando nos foram oferecer uma, precisamente a que está representada fotograficamente. Foi nos referido o seu uso que desconhecíamos.

O exemplar deverá ter hoje perto de um século e foi feito pela ofertante quando era jovem.

Tudo executado à mão com o formato de um sobrescrito que no “bico” do fecho tem uma “casa” onde entra um botão de osso.



Duas molas, uma de cada lado, ajudam a fechar com mais segurança a patrona.

Como se verifica pelas imagens apresentadas, é toda forrada tendo interiormente uma divisão para a separação que for julgada suficiente. Igualmente essa divisão possui molas para uma maior segurança.

Também são visíveis as tiras de pano (ourela) sendo uma muito mais comprida e que se atava à cintura.

Ficava sempre por baixo da saia e muitas vezes mesmo por baixo das cuecas.

Restará dizer que servia para colocar o dinheiro com a segurança possível ou seja, eram as carteiras do antigamente.

O termo patrona parece-nos relacionado com protectora e sem dúvida quando convenientemente abastecida dava protecção.

As actuais patronas dão pelo nome de cartões de Multibanco!

Pensamos que este pequeno apontamento ajuda a conhecer melhor o passado alcoutenense.