segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Miscelânea Cultural


[Gaspar Santos e José Varzeano abrindo a água-pé, Alcoutim Livre]

A circunstância do Eng. Gaspar Santos e de José Varzeano se encontrarem no concelho de Alcoutim, proporcionou um encontro convívio agendado pelo colaborador do ALCOUTIM LIVRE.

O dia escolhido de acordo com as disponibilidades de cada um foi o 1º de Novembro.

Tendo como isco comer umas castanhas, originou uma jantarada confeccionada com primor e esmero pela Esposa, Dra. Maria de Lurdes.

Às seis horas e com pontualidade inglesa, começou o agradável convívio que durou até às 24!

Falar de Alcoutim para quem conhece e sente e é completamente LIVRE, torna-se tarefa inacabada. A privilegiada memória, hoje muita vez traduzida com um sentido técnico, de Gaspar Santos, “dá pano para mangas” e quando existe alguém curioso que só conhece os temas “por ouvir falar” vai provocando o aparecimento esclarecedor dos assuntos.

Por outro lado, sou alvo de perguntas em diversos campos e isto por se saber que me tenho dedicado à investigação em diversas áreas sobre Alcoutim.

Gostaria de pesquisar a correspondência entre a Concelhia local da União Nacional e a Direcção Nacional e que segundo o que apurei, é vasta.

Como se sabe, esses conteúdos não estão por Lei para já à disposição dos investigadores mas espero que um dia apareça alguém que o faça para o devido esclarecimento político e histórico, a que os vindouros têm direito.

Estavam representadas três culturas diferenças e que representam bem o País, uma do norte, Beira – Alta (Duriense), outra do centro, Ribatejo (Bairro) e como não podia deixar de ser, o sul representado pelo Algarve (Serra).

Se existem usos e costumes semelhantes ou com pequenas diferenças, há outros completamente desconhecidos de região para região. Tudo isto tem razões que se perdem no recuar dos tempos e têm a ver com as raízes que se foram prolongando e se vão esbatendo com o andar dos anos pois os contactos entre as pessoas são mais intensos e de uma rapidez cada vez mais acelerada.

Apareceram as castanhas assadas e cozidas, próprias da região nortenha mas que se generalizou por todo país. Ainda que existam castanheiros em Monchique, a castanha em Alcoutim não aparecia nas lojas e era substituída por bolotas doces que provei assadas e sabiam bem.

Enquanto na Beira Alta as castanhas são (ou eram) assadas na caruma, assim as comi na então Vila de Tondela, e acompanhadas de jeropiga, no Ribatejo usa-se para o seu acompanhamento a água-pé.

Acabo de chegar da Vila de Alcoutim onde li num pequeno cartaz que o S. Martinho vai ser comemorado com castanha assada e vinho!

A água-pé de graduação entre 6/7 graus é uma bebida alcoólica que nunca teve a mínima expressão em Alcoutim onde se pretende que o vinho seja o mais graduado possível. Até hoje, nunca consegui beber água-pé em Alcoutim pois os alcoutenejos não a sabem fazer, pelo menos que eu saiba.

Há vários anos que a “fabrico”em Alcoutim, no meu pequeno lagar e até hoje com êxito, com uvas produzidas em Alcoutim mas com casta originária do Ribatejo e que aqui se adaptou bem e isto junto a outras de carácter local.

Ao convite formulado antecipei a abertura da água-pé o que normalmente acontece no dia 11, dia de S. Martinho, esteja ou não em Alcoutim.

Todos os anos dou um nome à pequena quantidade de vinho e água-pé que produzo e este ano a água-pé foi “baptizada” com ALCOUTIM LIVRE!, como demonstram as duas fotografias que ilustram o texto.

[Água-pé Alcoutim Livre, 2009, é um produto natural que não sobe à cabeça nem faz mal à "barriga"]

Abrir a ALCOUTIM LIVRE junto do mais prolífero colaborador do ALCOUTIM LIVRE e de sua Esposa, era uma oportunidade que não podíamos desperdiçar.

O prato apresentado pela anfitriã estava ligado à gastronomia nortenha onde a carne se liga à couve e ao arroz, fazendo uma junção que muito aprecio.

A presença da Serra era feita entre outras coisas com o pão e as fantásticas azeitonas “maçanilha” britadas e com o tempero regional.

Entre a doçaria alguma adquirida numa feira local e que não considero de raiz alcouteneja, ainda que o tentem fazer passar por isso.

Daqui renovo os meus agradecimentos ao casal anfitrião e amigo pelas horas de excelente convívio que nos proporcionaram.