quarta-feira, 15 de julho de 2009

Alforges

Para ilustrar a nossa página de etnografia fomos hoje buscar algo de diferente do que até agora tínhamos apresentado.

Não se trata de peça exclusiva de Alcoutim ou da região, mas sim de um utensílio que muito se usou do Norte ao Sul do País.

Pensamos, contudo, que as suas linhas, padrões e mesmo a confecção serão diferentes de outras zonas do País. Os dois exemplares que apresentamos são velhos na “idade” (mais de 50 anos) mas novos, porque nunca foram utilizados.

Não passam despercebidos o azul forte muito característico do Sul do País e as barras castanhas e brancas igualmente do gosto deste povo e que era muito usado nas chamadas “mantas de trabalho”

Estavam guardados para se utilizarem quando os que em uso se estragassem. Os mais usados destinavam-se a transporte de vários tipos entre as propriedades rústicas e as residências nos montes.

Quando se ia à vila e às feiras e havia sempre necessidade de transportar alguma coisa, iam-se buscar os mais novos e bonitos, tal qual como se fazia com a roupa que se vestia.

O alforge, como se chamam as peças apresentadas, é uma espécie de saco comprido, fechado nas extremidades e aberto no meio, por onde se dobra, formando duas bolsas e em cujos cantos se colocam vistosas borlas de lã.

Começado a usar pelo homem que o colocava ao ombro, passou a utilizar-se sobre o dorso das montadas pelo que as suas medidas se ajustaram aos novos utilizadores.

Naturalmente tinha que se distribuir a carga para se manter o equilíbrio.

A palavra é de origem árabe, de al-khurj “o saco”. É mais uma entre muitas que os árabes nos deixaram.

Infelizmente, caminhando o burro para a extinção e que foi dos maiores auxiliares do homem, os alforges deste tipo também desapareceram, mantêm-se, contudo, de outro género para as pessoas e para os veículos de duas rodas, nomeadamente as motos.