terça-feira, 10 de março de 2009

Versos do fim da Vida


Constitui a reunião de vinte e seis versos de António Sebastião da Palma que só aos 66 anos começou a escrever poesia, não conhecendo eu outro caso semelhante.

Esta edição artesanal comportou cerca de vinte exemplares que o autor fazia questão de oferecer aos familiares mais próximos e a um ou outro amigo.

Coube-me por sua incumbência a organização do mesmo que fiz da melhor vontade, incluindo o prefácio que me “obrigou” a fazer.

Tinha tudo preparado para seguir para Alcoutim levando-lhe o precioso “tesouro”. Um ou dois dias antes, o telefone tocou e do outro lado identifica-se um dos seus netos informando-me que o avô tinha falecido.

Fiquei petrificado. Porque não lhe mandei os livros pelo correio? Ainda hoje me arrepio quando penso nisso.

Tenho o destino de prefaciar trabalhos que os autores acabam por não os ver materialmente realizados.

Em 12 de Janeiro passou o 1º centenário do nascimento de António Sebastião da Palma, que nasceu na freguesia de Odeleite, concelho de Castro Marim, tendo falecido em 1997 no Balurco de Baixo, freguesia e concelho de Alcoutim.

Os versos que se apresentam e onde não houve qualquer selecção, pois pensamos que não se justificava, constituem “quadras” onde a técnica da métrica e muitas vezes a da rima não é respeitada. O autor, contudo, nas palavras que escreve, procura e muitas vezes consegue transmitir uma ideia com princípio, meio e fim, focando e pondo em questão muitos aspectos fundamentais da vida de qualquer cidadão.
A vida rural, como não podia deixar de ser, está representada na sua poesia. Não tivesse o autor sido agricultor toda a vida! É mais bonito agradecer em verso do que em prosa.

O amor foi sempre tema que nunca escapou a qualquer poeta e em Sebastião da Palma assim acontece.

Às pequenas coisas da vida o poeta deitou o seu olhar e tirou as suas conclusões, estejamos ou não de acordo.

A vila de Alcoutim, apesar de não ser onde nasceu, mereceu a sua verve, tal como o Guadiana, como rio criador.

António Sebastião da Palma deixou para os familiares e amigos alguns “versos” que merecem uma análise profunda procurando encontrar as raízes, os motivos que deram origem a tal sentimento.



Foram estas as palavras que retirámos do prefácio e que tivemos o gosto de escrever em relação à obra.
É uma pequenina homenagem que lhe prestamos na passagem do 1º centenário do seu nascimento.

Sebastião da Palma está incluído na 2ª edição, em preparação, de Alcoutim, Capital do Nordeste Algarvio (Subsídios para uma monografia).