terça-feira, 3 de março de 2009

João José Viegas Teixeira

Nasceu na aldeia de Vaqueiros em 1823 ou 1824.

Em 1859 era casado com D. Maria Francisca Viegas, natural da freguesia de Martim Longo, filha do lavrador de Giões, Francisco Gomes Delgado e da lavradora de Martim Longo, D. Maria das Dores.(1)

O casal residia na vila de Alcoutim onde João José desempenhava as funções de Procurador Régio do Julgado de Alcoutim.

Muito jovem, foi indicado com outros cidadãos como representante da Câmara Municipal de Alcoutim na divisão e demarcação com o concelho de Tavira, na parte em que confina com a freguesia de Cachopo. A reunião teve lugar no dia 4 de Março de 1850.

Preside à Câmara Municipal de Alcoutim desde 15 de Março de 1866 até 31 de Dezembro de 1869 e é nessa altura que com a extinção quase momentânea do concelho (Dec. de 10 de Dezembro de 1867) propõe, chegando mesmo a pedido oficial, a criação de outro concelho com sede na aldeia de Martim Longo, que englobaria todas as freguesias de Alcoutim e as de Cachopo e Ameixial, convidadas e interessadas em tal, segundo demonstrado em reuniões para o efeito realizadas.

A petição a que se opôs o vereador José Joaquim Madeira, que a assinou como vencido, acabou por não surtir efeito sendo restaurado o concelho de Alcoutim tal e qual como se encontrava antes. (2)

[A aldeia de Vaqueiros]
Viegas Teixeira, que pertencia à numerosa família Teixeira, era por exemplo, primo do P. José Pedro Rodrigues Teixeira, pároco de Martim Longo durante muitos anos e também, entre outros, de Pedro José Rodrigues Teixeira que foi durante mais de quarenta anos secretário ou escrivão da Câmara Municipal de Alcoutim. O P. José Pedro deixou-lhe em testamento de 1868, duas acções na mina das Cortes Pereiras.

Já então era considerado por Portaria de 12 de Janeiro de 1863 descobridor da Mina da Cova dos Mouros, próximo do monte das Ferrarias, freguesia de Vaqueiros e seu concessionário, situação que mantém até à data do seu falecimento.

Exerceu igualmente as funções de Administrador do Concelho em 1875/76 e em cujo exercício manteve tenaz confronto com Miguel Angel de Lion, político de esquerda e conhecido popularmente por D. Miguel, das Cortes Pereiras que veio a ser assassinado ainda hoje em situação mal definida.

Em 17 de Março de 1876 requer três meses de licença no sentido de tratar dos seus negócios no estrangeiro mas a 15 de Maio é suspenso dessas funções passando-se, além disso, algo de mais grave.

Não sendo conveniente regressar ao País, veio a falecer no dia 4 de Setembro em Aiamonte, com cerca de quarenta e sete anos e onde ficou sepultado. (3)

Deixou duas filhas.
Lembramo-nos muitíssimo bem de por volta de 1970 ouvirmos falar dele a pessoas de Martim Longo que o tinham em grande consideração isto pelo que tinham ouvido aos seus antepassados.

Só muito depois viemos a “conhecer” Viegas Teixeira através da investigação histórica realizada.

NOTAS

(1) - Assento de óbito nº 45, de 1883.09.05, freguesia e concelho de Alcoutim, in Arquivo Distrital de Faro.

(2) – Alcoutim, Capital do Nordeste Algarvio (Subsídios para uma monografia), José Varzeano, 1985., p.24.

(3) - Ofício nº 86 de 6 de Setembro de 1876 ao Governador Civil de Faro.